Conduzindo crianças para o Reino de Deus

Ao ler o livro de Colossenses 3:1-17 pude refletir que a maioria de nós, pais e professores de crianças, está deixando a desejar no critério da evangelização e santificação de nossos filhos e alunos. Nós devemos tomar alguns cuidados especiais com as nossas crianças, filhos ou não. Precisamos assumir diante Deus o compromisso de sermos testemunhas fiéis, ou seja, orar todos os dias pelos nossos filhos, sendo SAL e LUZ em nossas casas, para que nenhum dos nossos filhos se perca. Deus nos essa responsabilidade. É hora de nós assumirmos o nosso papel como pais e mães, servos do Deus vivo.

Para discutir sobre isso gostaria de separar nossa conversa em três pontos que eu acho que são essenciais:

I – Foco (reconhecimento da divindade de Cristo)

II – Santificação (revestimento)

III – Legado (influência, cumprir o propósito)

I - FOCO

A palavra, “portanto”, no início do versículo, indica que algo foi dito nos capítulos anteriores que nos levam a refletir. No capítulo 1, Paulo nos mostra o Cristo fez por nós e no capítulo 2 ele nos dá algumas advertências de falsas doutrinas que estavam entrando na igreja. Já no capítulo 3 ele explica o que verdadeiro cristão deve fazer, ou seja, qual são os sinais que revelam um verdadeiro convertido, servo de Cristo.

Na frase vemos partícula “se” que nesse caso é uma condicional, ou seja, ela indica uma condição ou hipótese para que algo aconteça.

No verso 2 lemos “Se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima e não as que são da terra”.

O apóstolo Paulo coloca algumas questões que precisam ser avaliadas por nós que somos pais, professores e evangelistas de crianças: Qual é o meu foco? Para responder essa pergunta precisamos saber se realmente eu sou um membro da família de Deus, lavado no sangue do Cordeiro e saber se realmente eu sou uma nova criatura em Cristo.

Essa deve ser a nossa meta diária. São perguntas que temos que fazer para nós mesmos:

— Onde está o meu coração? Nas coisas da terra ou nas do céu?

— O que é que me traz prazer? Eu sinto alegria nas coisas de Deus?

— O que realmente me traz empolgação? O Reino de Deus me motiva?

Essas são as perguntas que eu devo fazer para saber se EU realmente sou um convertido, se eu faço parte do Reino de Deus ou sou apenas um igrejado.

Muitas pessoas nasceram e cresceram na igreja, mas nunca tiveram uma experiência pessoal com Cristo. Nunca se arrependeram dos seus pecados e vivem sem novidade de vida e sem salvação.

Qual é o seu foco? Qual é o seu desejo como cristão? Todo cristão precisa ter paixão pelas almas. Ganhar almas para Jesus deve ser o nosso maior objetivo.

Tem um livro, escrito por Charles M. Sheldon que foi publicado pela primeira vez em 1896, mostra bem essa questão: Em seus passos o que faria Jesus? Esse título é uma pergunta que todos nós deveríamos fazer para nós mesmos, todos os dias. Se quisermos ser SAL e LUZ, como a Palavra assim nos ensina.

Deus nos deu o privilégio de participar da OBRA CRIADORA dele quando nos deu a honra de sermos pais e mães, mas Ele nos dá a responsabilidade e o compromisso de LEVÁ-LOS PARA CRISTO. Mesmo que você não tenha filhos, está sob NOSSA RESPONSABILIDADE levar os pequeninos para o caminho da salvação. Em Mateus 19:14, “Jesus, porém, disse: — Deixem os pequeninos e não os impeçam de vir a mim, porque dos tais é o Reino dos Céus.”   

Aquele que tem o chamado para evangelizar crianças deve cuidar da sua vida, nós pais e professores devemos nos santificar todos os dias, levando uma vida de consagração. O Ministério com Crianças, o Evangelismo e Discipulado infantil é muito perseguido pelo inimigo. Quando uma criança aceita Jesus ela tem uma vida inteira para servir a Deus. Famílias são transformadas, imagina irmãos, os filhos e netos dessas crianças serão santos, criados nos caminhos do Senhor. Por isso o inimigo não quer que elas sejam alcançadas pela graça de Cristo.

Você pode até não saber como anunciar o Plano de Salvação na linguagem de uma criança, mas você tem a obrigação de ser um EXEMPLO a ser seguido por ela. Ser um embaixador aqui na terra, ser um CIDADÃO DO CÉU. “De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse...” 2 Coríntios 5:20.

Não transfira essa responsabilidade para outros. Pais, essa responsabilidade é SUA.

Qual tem sido a sua participação, ou a sua influência, na vida dos seus filhos ou alunos? Qual é o LEGADO que você tem deixado para levar os nossos pequeninos para Jesus? O seu testemunho tem sido uma INFLUÊNCIA ou tem sido uma DESMOTIVAÇÃO?

Querem ver um exemplo: 

Quando um pai é um torcedor empolgado pelo Flamengo (não é o meu caso), o filho olha para o Pai flamenguista torcer, gritar em frente a TV. O pai leva o filho para ao Maracanã para assistir a uma partida. Ele vê a multidão pulando, o pai dele chora, grita, se emociona.... Existe uma grande chance desse filho se tornar o que? Um flamenguista também. O filho desde pequeno, olha toda a empolgação do pai. Ele analisa no seu coração e diz: — “Olha... isso deve ser bom mesmo! Vou ser igual ao meu pai.” 

E nas coisas de Deus? Ele vê o pai murmurando, falando mal do pastor, reclamando da vida, nunca vê o pai lendo a Bíblia, nem orando. Não tem culto doméstico nessa casa. Só vai para igreja uma vez por semana para ouvir de um Deus que ele não vive na prática do dia a dia. Como você espera que essa criança seja alcançada pela Graça.

O seu testemunho e a sua vida tem sido a mola que impulsiona seus filhos ou alunos a estarem na Casa de Deus? Ou não?

Me faz lembrar o irmão mais velho do filho pródigo, tão perdido quanto o outro. O filho mais novo, longe da casa, sentiu fome, saudade do Pai, lembrou até dos empregados de seu Pai, mas, e o irmão mais velho? Ele não era o motivo do seu retorno. Nem se quer lembrou dele! Será que nós estamos agindo como o irmão mais velho do filho pródigo e sendo o empecilho para que nossas crianças estejam na casa do Pai.

Precisamos deixar um legado para os nossos pequeninos.

Conheço pessoas que foram criadas na igreja e hoje estão fora, alguns chegam a odiar a igreja e qualquer coisa relacionada à Deus.

Deus na sua infinita misericórdia tem alcançado muitas crianças, mesmo em lares conturbados. Glória seja dada a Deus! Você quer fazer parte desse povo que é relevante para as crianças? Que apresenta a elas um Deus que salva crianças e adolescentes apesar de suas famílias?

Para isso precisamos ter uma vida com foco nas coisas do alto. SANTIDADE AO SENHOR, ou seja, separados para servir.

II - SANTIFICAÇÃO

Já chegamos à conclusão de que somos salvos, redimidos, alcançados pela graça salvadora de Cristo. Paramos por aqui? Não. Precisamos ter uma vida de santificação. O processo de santificação deve ser constante em nossa vida. Nos versos 12 a 14 lemos: “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição.” Esse texto nada mais é do que uma ESTRATÉGIA deixada por Paulo para nos ajudar a ter uma vida santa no nosso dia a dia. Imitar as atitudes de Cristo, ser suporte (não é suportar no sentido aturar. É ser coluna de oração e ser suporte na hora da dificuldade), é perdoar como Jesus perdoou e deixar o amor de Deus nos guiar. São atitudes assim que levam nossos filhos e alunos a enxergarem “Cristo em nós a esperança da Glória”. Como está no capítulo 1.27.

Precisamos mortificar, fazer morrer, quer dizer, matar todas as coisas pecaminosas do nosso corpo, nossas vontades e nossos pecados, mazelas e vícios, entregando a Ele a imoralidade sexual, impureza, toda mentira, gula, avareza que é idolatria.

Romanos 6:2 afirma que, “estamos mortos para o pecado”. Em Romanos 6:6,7 “Sabemos que nossa velha natureza humana foi crucificada com Cristo, para que o pecado não tivesse mais poder sobre nossa vida e dele deixássemos de ser escravos. Pois, quando morremos com Cristo, fomos libertos do poder do pecado.” 

É essa vida que precisamos viver para mostrar Cristo para os nossos filhos e alunos. E isso não é uma meta impossível de se viver.

Precisamos como pais e professores, ter uma vida santa diante de Deus e dos homens. Nós devemos ser o REFLEXO DE CRISTO na família, em nossas casas, no trabalho, dentro da igreja. Uma criança, antes de ter um encontro com Cristo e criar um relacionamento pessoal com Deus, ela crê no DEUS DE SEUS PAIS ou no Deus das tias, ou tios da Igreja, ou seja, muitas vezes VOCÊ, É A ÚNICA REFERÊNCIA QUE ELA TEM DE DEUS. Você, é o reflexo de Deus na Terra. Suas ações e seu comportamento revelam DEUS e você deve ter uma vida santa. A sua fala, suas respostas, suas atitudes devem apontar para Deus. Essa história de “faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço” não funciona. “Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da terra”. Precisamos deixar um legado para os nossos pequeninos.

III - LEGADO

Deixar um legado, significa deixar uma marca duradoura na história, seja por meio das ações, realizações, valores ou ensinamentos, que impactam positivamente as gerações futuras. É uma forma de garantir que suas influências e contribuições continuem a ser lembradas e valorizadas após a sua partida. Como é bom lembrar daquela professora amada da EBD ou da Escola Secular que marcou a sua vida?

Para deixarmos um legado para nossos filhos ou alunos precisamos mudar nosso comportamento moral e ético, permitindo que CRISTO VIVA DENTRO DE NÓS, moldando nossa vida de acordo com aquilo que ELE quer que sejamos.

Quando o apóstolo Paulo fala para pensarmos nas coisas que são de cima, é para buscarmos as coisas do alto, com a intenção de colocar as prioridades do céu na nossa prática diária.

Certa vez ouvi um pregador dizer que: “Deus não deve ser minha PRIORIDADE, na verdade, Deus deve ser a minha TOTALIDADE. Se Deus é minha prioridade, quer dizer que existe outras prioridades. Deus não pode se fixar a um critério ou uma oposição. ELE TEM QUE TOMAR TODA A NOSSA VIDA. Buscar as coisas do alto, significa se concentrar no que é eterno, ao invés do que é temporal. O que ocupa a sua mente? Qual Legado você tem deixado para os pequeninos?

CONCLUSÃO

Vale lembrar que, o chamado que Deus fez na sua vida para levar os pequeninos para Jesus, continua de pé. Se você não der valor a vida do seu filho, alguém vai dar. Na APEC - Aliança Pró-Evangelização das Criança, nós temos um lema: O CORAÇÃO DA CRIANÇA É DE QUEM CHEGAR PRIMEIRO!  “Instrui o menino no caminho em que deve andar e até quando envelhecer não se desviará dele.” (Provérbio 22.6)

Precisamos manter nossos olhos voltados para Deus. Precisamos ser testemunhas vivas de Cristo. Não podemos exigir ou cobrar um comportamento ou uma atitude de nossos filhos ou alunos que na verdade não vivemos ou experimentamos. Então a primeira coisa que temos que fazer, se queremos que nossos filhos e alunos sigam os passos de Jesus é ANDAR COMO ELE ANDOU.

Nossos filhos, principalmente os pequeninos de até dois anos, são verdadeiras esponjas que absorvem tudo o que falamos ou fazemos. É nossa responsabilidade buscar a santidade, anunciar o amor de Cristo e deixar um legado com nossas ações para que o nosso exemplo sirva de motivação e pregue a tempo e fora de tempo o amor de Cristo aos pequeninos.

Se você que recebeu o chamado para ser um Evangelista de Crianças, para fazer parte do Ministério Infantil, e hoje está afastado ou leva uma vida complicada. Deus está chamando você para se reconciliar e voltar para essa grande obra. Lucas 10:2 – “E dizia-lhes: Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara.” 

Se você chegou até aqui, deixe um comentário abaixo. Nós vamos orar por você, para que Ele renove o chamado em sua vida e para que os Pais assumam o seu papel como Pais abençoadores. Santidade ao Senhor!

Texto da mensagem ministrada no culto matutino, dia 27/07/2025
na Primeira Igreja Batista de Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro-RJ  

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